segunda-feira, 5 de junho de 2006

tava com vontade de escrever isso mesmo... aí vai!

"Eu quero ter um filho com você."

Foi assim, dessa forma espontânea e sincera, que Helena me acordou naquela manhã de sábado.Talvez ela apenas estivesse expressando um desejo que, mais cedo ou mais tarde, aparece na maioria das mulheres. Tenho certeza de que isso não aconteceu somente comigo. Imagino que milhares de homens, em todos os cantos do mundo, acordam um dia com essa frase. Quem sabe não é mais um daqueles mistérios femininos. Chega um momento em que vocês simplesmente trocam o bom-dia por "eu quero ter um filho com você". Confesso que fiquei com vontade de cobrir o meu rosto com o lençol, do mesmo jeito que fazia quando eu era criança e a minha mãe me chamava para ir à escola. E, enquanto pensava no que iria responder, fui obrigado a encarar esse monstrinho danado chamado amor.
Veja bem, consigo enumerar todas as 201 razões que me fazem crer que a Helena é a mulher mais linda do mundo. Sei todos os motivos que fazem com que as nossas conversas sejam fluentes como um texto do Verissimo. Até sou capaz de adivinhar os sapatos de que ela mais gostou em sua loja predileta. Mas não conseguiria dizer a você por que eu a amo.Porque o amor não é como a paixão, que está explícita nas batidas aceleradas do coração. Muito pelo contrário. Ele se esconde nas pequenas paradas do nosso coração, tão pequenas que mal conseguimos perceber.
Até que, naquela manhã de sábado, tudo ficou muito mais claro. Rolando na cama, sentindo que havia chegado à vida adulta, fiz um pequeno retrospecto de nossos três anos juntos e, então, finalmente descobri o que é o amor. E quer saber? Gostei do que vi.
Porque só o amor pode fazer com que um cara entenda a beleza da fidelidade depois dos 30 anos. Só o amor tem o poder de deixar para trás uma adolescência que insistia em continuar. Só o amor sabe nos ensinar que o melhor da vida é dividir. Só o amor consegue fazer com que a gente pare de gastar todo o salário em discos. Só o amor convence você a cortar os cabelos. Só o amor muda a sua rotina de jantar todos os dias macarrão instantâneo com Coca-Cola. Só o amor admite erros e pede desculpas. Só o amor deixa exposto tudo aquilo que você nunca quis ver. Só o amor, e, por favor, preste bem atenção no que vou dizer agora, só o amor amadurece.
Como é que nunca percebi isso antes? É tudo tão óbvio agora.Para um homem, não existe nada pior do que amadurecer. Não é que seja difícil. É pior mesmo. No sentido de ruim, chato, incômodo. Porque amadurecer implica mudança, e mudança é algo que não existe no vocabulário de nenhum dono do mundo que se preze. Mas você quer saber a verdade? Ser dono do mundo é um saco. Isso mesmo, um saco. Um saco e uma grande mentira. Porque neste mundo somos todos inquilinos. E não existe nada melhor do que ser inquilino a dois.

"Eu quero ter um filho com você", ela repetiu.

Sim, eu estava devendo uma resposta. Nenhuma mulher confessa algo parecido sem esperar algo em troca. Se eu ainda fosse dono do mundo, com certeza iria dizer que ela estava louca, que não deveria me pressionar, que eu era jovem e, depois de alguns meses, iria dar um jeito de cair fora do relacionamento. Só que, dessa vez, foi tudo tão diferente. Eu apenas segurei a sua mão. E senti que a criança que existia em mim estava saindo debaixo do lençol para não retornar mais. Porque leva um certo tempo até o homem entender o amor. Mas, depois que a gente entende, já não há mais volta. Quando menos esperamos, estamos amando o amor.
E, antes que você pergunte: não, não vamos ter um filho tão cedo. O combinado é 2008. Eu sei que ainda falta um bom tempo até lá. Mas esse bebê já me deu um belo presente.
Hoje eu sei dizer exatamente por que eu amo tanto a sua futura mamãe.


*ANDRÉ TAKEDA