quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Madura

O cara atende todas as minhas vontades. Vive ligando, gravando CDs, chamando para uns programas bacanas e dizendo tudo aquilo que é muito bem-vindo: te adoro, te acho linda.

Está tudo muito bem, mas meu coração continua batendo devagar.

Aí surge outro cara.
Ele fica comigo um dia e desaparece no outro.
Telefona num sábado e some no domingo. Diz que me adora, mas quer outras coisas na vida.
Escuto, então, um barulho que parece a bateria da escola de samba da Imperatriz Leopoldinense invadindo meu quarto, mas é meu coração. (Dá para ouvi-lo bater daí?)

Que raio de mecanismo é esse que faz com que a gente se ligue em quem não nos dá bola?

Não é prerrogativa feminina, vale para ambos o sexos.
Conheço muito cara que lambe o chão que a mulher pisa e ela faz jogo duro.
Será que, já no ano 2008, ainda não caducou aquela regra que diz que homens e mulheres difíceis é que são valorizados?

Aprendi a duras penas a ir com o Jota Quest: "um dia feliz às vezes é muito raro, então vamos saudar tudo o que for extremamente fácil".
Que bom poder amar e ser amado na mesma sintonia e com a mesma intensidade.
Xô, dificuldade!
Pena que o ser humano é extremamente difícil.

Cultivamos um lado "masoquista" que se revela quando menos precisamos dele.
Temos uma necessidade congênita de enfrentar desafios.
A conquista nos interessa mais que a vitória. Nem pensar em sair do jogo.
A gente não sossega enquanto aquele idiota não perceber o quanto somos maravilhosas e indispensáveis.
Quando ele (ou ela) finalmente descobrir que está apaixonado por nós e se entregar, aí sim poderemos relaxar.
E partir para outra!

Essa é a má notícia: sofrer por amor é afrodisíaco.
Agora a boa notícia: afrodisíaco para adolescentes.

Como ninguém estaciona nos 17 anos, a tendência é mais tarde, com mais experiência de vida e menos tempo a perder, homens e mulheres passarem a se valorizar mais e a querer ao seu lado só aqueles que estão dispostos a compartilhar bons momentos.

É claro que a maturidade também tem uma quedinha por desafios, mas a auto-estima impede que esta quedinha, que é até saudável, se transforme num problema crônico de relacionamento. Em vez de complicar minha própria vida, é bem mais fácil, extremamente fácil, me lembrar sempre do seguinte:

"QUEM NÃO ME VALORIZA, NÃO ME MERECE!".