segunda-feira, 14 de março de 2005

Casa nova

Imponha-se marcar um almoço com a minha cunhada. A nossa afinidade nunca foi muito expansiva mas era de bom tom primar por boas relações familiares.
Era largamente conhecido o seu feitio de nariz empinado e que se dizia de gostos requintados.
Limpei e decorei o melhor que pude e soube. Faziam-me suores frios imaginar que ela pudesse fazer alguma observação menos agradável.
Cozinhei aquele bacalhau com natas que eu sabia que ela adorava.
Chegaram, ela e o seu último namorado, muito bem dispostos. Ela trazia um arranjo de flores, ele, duas garrafas de tinto que foi tema de conversa.
O almoço decorreu bem. Aquela tarde não poderia ter sido mais amistosa.
Entre biscoitos e licor ficaram os irmãos na sala a conversar enquanto o meu cunhado ofereceu-se para dar uma mão na cozinha.
A noite caiu, fizeram-se as despedidas e fomo-nos deitar. Transbordando de curiosidade sobre o que tiram falado não resisti a perguntar:
- Então, a tua irmã falou-te alguma coisa? Gostou da casa?
- Gostou do papel higiénico
- Sim?...
- Achou interessante aquele papel com relevos em forma de cãezinhos...
- Pois... Estou a ver...
Olhamo-nos... e desatamos às gargalhadas.