segunda-feira, 21 de março de 2005

Madalena, tens toda a razão !

Aquele dia mostrava-se excepcionalmente cinzento. Assuntos de trabalho que custavam a resolverem-se incutiam-me um mau humor excepcional.
Entrei no atendimento da Câmara com uma postura contestadora e impaciente com o redemoinho de burocracia em que alguns processos caíam provocando atrasos sucessivos sem fim à vista.
Por detrás do balcão de atendimento encontrei a Madalena, uma mulher jovial sempre de sorriso pronto e de uma amabilidade arrebatadora. Os seus pedidos são de difícil recusa; Quem consegue dar uma nega a um “Meu amor, entregas esta pasta, que és lindo!?”.
Poucos saberão que por detrás daquela felicidade existe a tristeza da morte do seu pai depois de um longo tratamento de um cancro.
Recebi um grande ensinamento no momento que a Madalena me retorquiu: “O que o engenheiro está a precisar é de fazer uma visita ao Instituto de Oncologia do Porto...”.
Estas palavras gelaram-me e reconheci que alguns dos nossos grandes problemas não passam de gotas de água no oceano.